terça-feira, 20 de setembro de 2011

Necrotério do ITEP será interditado

Corpos amontoados na câmara  fria e pátio do Instituto Técnico Científico de Polícia (Itep). Essa é uma das denúncia de servidores da instituição e de membros do Sindicato de Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública do RN, que preferiram ficar no anonimato. A realidade apresentada pelas fontes aponta nos últimos dias 18 cadáveres estiveram acumulados  na "geladeira" do necrotério, que tem capacidade para apenas  oito corpos.  Ontem, o diretor geral do Itep, Nazareno de Medeiros Costa, admitiu a precariedade da estrutura e, mesmo sem saber precisar a data, confirmou que o necrotério do Itep será interditado por 45 ou 60 dias para reformas. 
rodrigo senaSem local adequado, ossadas são guardadas em baldes plásticos que estão no pátio do prédioSem local adequado, ossadas são guardadas em baldes plásticos que estão no pátio do prédio
Como resultado da falta de estrutura, há grande dificuldade em manter a temperatura adequada dos corpos. A indicada para conservação é de -10º celsius. Há quem fale em 25º atuais e uma atmosfera que acelera a decomposição dos corpos. "A geladeira não comporta o número de corpos. O abre e fecha também não ajuda", explicou um servidor.

O período de permanência na área resfriada é de no máximo 90 dias, prazo que ao ser alcançado muda o status do corpo de não identificado para indigente, sendo sepultado em vala comum como tal. O servidor entrevistado  esclareceu que no caso de os restos mortais atingirem alto grau de putrefação,  o material orgânico - aí quase completamente ossada - tem sido levado para o pátio do prédio do Itep, sem praticamente nenhuma proteção. Ossos que esperam exames de DNA estão sendo guardados em baldes comuns.

"Aqui não existe um depósito adequado para manutenção desse material, então, ele fica no pátio mesmo em caixões cobertos com plásticos", disse um dos servidores ouvidos, confirmando que o procedimento é uma "gambiarra" institucional. Segundo ele, tais corpos são aqueles cuja identificação só deve acontecer por meio de exames de DNA, fato que acaba por evidenciar a fragilidade estrutural com que a polícia técnica tem convivido. "Aqui a gente não faz exame de DNA. Em Natal você encontra várias clínicas que fazem, mas aqui no Itep não", constatou. A exposição a sol e chuva, explicaram, seria uma maneira de deixar o corpo no "ponto" para que o DNA seja feito. "Facilita quando é feito com o osso", esclareceu.

O procedimento médico de identificação através de material genético quando necessário, é solicitados a laboratórios de Salvador (BA) ou Belo Horizonte (MG), e o prazo para emissão de resultados varia de três dias a um mês, fato que acaba por alimentar o ciclo de superlotação nas dependências do  Instituto. "Os familiares são quem mais sofrem com essa situação porque a espera é longa", destacou.

Segundo servidores, um dos momentos mais críticos vivenciados por eles, ocorreu na última terça-feira, quando a câmara fria quebrou e a temperatura inadequada levou alguns corpos a se decomporem mais rapidamente. Como solução, cerca de sete deles foram remetidos para o cemitério público do Bom Pastor, onde foram enterrados. A denúncia é grave e o procedimento não menos. 

Se a situação na capital está anos luz do ideal, o fato de ter sua estrutura usada pelas unidades de Mossoró e Caicó estaria comprometendo ainda mais os resultados da sede em Natal. Desde julho, estariam sendo constantes as vindas de corpos de vítimas mortas por armas de fogo oriundos desses municípios. O motivo é a inexistência de equipamento para fazer exame radiológico nos corpos. 


Fonte-Giro\RN

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