terça-feira, 6 de setembro de 2011

O ENFRAQUECIMENTO DA FAMÍLIA E O DESEQUILÍBRIO SOCIAL



Crescemos ouvindo o chavão segundo o qual a família é a base da sociedade. Na academia das Ciências Jurídicas, o bordão ganha nova roupagem, e então dizemos que a família é a célula mater (ou mãe) da sociedade.

Essa afirmativa, que é verdadeira, ganhou do legislador constituinte de 1988 as galas de norma constitucional. De fato, no artigo 226, caput, da Constituição Federal, está reconhecido e assegurado que: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.”
No entanto, no dia-a-dia, vivenciamos situações que, não fosse a nossa firme convicção naquela regra moral elevada à condição de norma constitucional, levar-nos-iam à sua descrença e nos conduziriam a entendimento diverso.

Num mundo eminentemente capitalista, onde cada um parece valer apenas o que tem e não o que é, o homem anda esquecido de ver que à sua frente existe outro homem, outro ser humano.

Ligando o aparelho de televisão, abrindo os jornais impressos ou acessando algum portal de notícias da internet, temos a impressão que a barbárie, que um dia destruiu impérios, teria voltado, tamanha é a onda de violência que, sem justificativa (e nunca há justificativa para a violência), corrompe e destrói o denso tecido social.

Nesse contexto de progressiva destruição do homem pelo homem, de enorme ameaça à regular vida social, encontramos o esfacelamento e a destruição do principal núcleo de sustentação da vida em sociedade: a família.

Como que na brincadeira popular (com fundo científico) do “quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?”, ficamos a nos perguntar se a sociedade está em profunda desarmonia porque as famílias não mais se entendem, ou se as famílias não se entendem porque a sociedade está em total desarmonia.

Do Poder Público, costumamos cobrar as medidas de “resultado” mais imediato, de mais policiais nas ruas, mais viaturas e mais segurança, como se este ponto da cadeia protetiva do ser social fosse o mais importante, ou o primeiro, quando na verdade ele é o último.

Se na edificação de uma casa temos que iniciar, logicamente, pelo alicerce, também é verdade que na construção de uma sociedade livre, justa e solidária, como assim prescreve o artigo 3º, inciso I, do Texto Constitucional, temos que iniciar pelo fortalecimento do verdadeiro alicerce social, que é a família.

E, para isso, precisamos colocá-la a salvo dos males que lhe rodeiam insistentemente até penetrá-la, como o são as drogas, o alcoolismo, o ócio, a ignorância e alguns péssimos conceitos de pseudo-valores que, infelizmente, chegam com a modernidade e com a globalização.

Fortalecer as famílias significa resgatar valores sociais e morais perdidos no tempo e ao mesmo tempo garantir aos seus membros aqueles direitos tão decantados ao longo de todo o Texto Maior, como educação, saúde, trabalho, acesso à cultura e ao desporto e a uma eficaz seguridade social.

Feito isso, estaremos dando forma, em plenitude, aos conceitos de cidadania e respeito à dignidade da pessoa humana, que são fundamentos da República Federativa do Brasil, tal como estão previstos no artigo 1º, incisos II e III, da Constituição Federal.

Feito isso, poderemos, sim, afirmar com enorme acerto que a família, base da sociedade, está a receber do Estado inegável proteção. E, então, estaremos combatendo, de forma eficiente, todas as faces do agudo desequilíbrio que se instalou no seio social.

Por Alcimar Antonio de Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário