Confraternização ou Queda da Bastilha?

Símbolo do Absolutismo Francês - Sua queda é um marco da liberdade moderna

FRANÇA – 14/07/1789, cai a Bastilha.  O estudo aprofundado do processo social que culminará com a Revolução Francesa, mostra um intrincado jogo onde uma onda se movimenta, desde a Idade Média.

Estamos quase prontos para a inauguração...

                         

Muito bem acompanhado, Aurélio não falta...

CAIÇARA DO RIO DOS VENTOS – 15 de dezembro de 2011…  Após semanas de trabalho com as crianças, e contando apenas com elas, movimentando toneladas e toneladas de pedras, 95 sacos de cimento, 2 caminhões de areia, tubos de ferro e uma centena de litros de tinta, finalmente iríamos inaugurar a quadra de esportes deles, anexada às piscinas, num espaço de 300 m2 que em passado recente era usado, além de curralito eleitoral, para práticas pouco sadias do processo civilizatório.  A EMATER, através do Programa Compra Direta, que se destaca em Caiçara do Rio dos Ventos, que absorve parte da produção rural da Agricultura Familiar, consolidando ações do Programa Fome Zero, ajudou-nos com a alimentação para o nosso evento de confraternização, uma vez que nossa Associação, como entidade beneficiária, atua durante os fins-de-semana, estendendo a merenda escolar da meninada, como sonhava o grande Darcy Ribeiro, educador sem fronteiras.

Lastro e orientação: fórmula de qualquer associativismo...

Nossa garotada preparou o ambiente das piscinas, para receber os convidados, tudo arrumado com a impagável ajuda da Vanúcia, Galego e Naide, colaboradores efetivos, programando para depois de uma pequena cerimônia de premiação dos destaques-mirins do ano, apresentarmos à comunidade a nossa NOVA QUADRA DE ESPORTES, que consumiu cerca de R$ 12.000,00, quando obras similares construidas por projetos de políticas públicas, normalmente alcançam de R$ 90.000,00 a R$ 150.000,00.  Por que será que nosso surrado dinheiro esticou tanto?

   

Se há moinhos, derrubamos!

Alumbramento… Como diz Guimarães Rosa.

Casa cheia, crianças de todas as idades pulando como pipocas, quando, de repente!  Falta Geral de Energia Elétrica!!!!   Quando a energia foi restabelecida, eis que a Lei de Murph, teimosamente se apresenta e o ambiente das piscinas fica sem luz, com todo o cenário programado absolutamente comprometido, justamente quando todos estavam prontos para iniciar os “comes e bebes”.  O pior é que nada poderia ser mostrado, pois os 4 refletores de 400w não acenderam.  O jeito foi correr em todas as direções, atropelados por mais de 200 crianças, todas correndo, gritando e querendo inaugurar a sua quadra de esportes, pela qual tando esperaram.

Sem os refletores, luz de velas!!!!!

Um grupo de mulheres voluntárias ajudou a Vanúcia e o Galego a trazerem tudo, inclusive a churrasqueira acesa, para o ambiente do Salão, enquanto meninas-voluntárias improvisavam o serviço de alimentação e bebidas.  Para minimizar o problema, Luciano Pires, articulador da Igreja local, providenciou uma gambiarra com lâmpadas, para que pudéssemos iluminar, parcialmente, o ambiente da quadra, pelo menos para enxergarmos parte do que haviamos construido e liberado  para uso das crianças, enquanto o som da Banda Grafith incendiava o ambiente.

Afinal... "Por quem os sinos dobram?"

O que dói, é que o problema foi provocado pela FALTA DE RESPEITO COM A COISA COLETIVA, e principalmente pela FALTA DE RESPEITO COM AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES, em seu espaço organicamente conquistado nos últimos 3 anos, por usuários adultos que mexeram no QUADRO DE ALIMENTAÇÃO, resolveram seu problema “erótico” imediato (ou da Ordem do Desejo, se preferirem) no dia 11/12 e deixaram o disjuntor frouxo, o que provocou a desativação de UMA DAS FASES,  justamente a dos refletores da Quadra.

Exupéryanamente príncipes...

Não faltará quem, da poltrona de sua secular inércia, navegando o marasmo das “coisas prontas” que o assistencialismo predador fecunda, diga: “mas como?  ninguém foi ver o disjuntor?”  Não,  ninguém foi ver!  Primeiro porque quem mais nos ajuda é O SR. (e SRA.) NINGUÉM; segundo, porque assim, como maçons, judeus, cristãos, templários, aproveitadores, jesuitas, reis, conquistadores, abades, carbonários, papas, desde antes e ainda mais depois de Constantinopla, assim como nós, desde antes do início do Projeto, e mais depois, emaranhando inconsistências sociais acabaram por produzir a Queda da Bastilha e a Revolução Francesa, ícone de avanço de nossa ocidental modernidade, com todas as contradições imagináveis e possíveis, aqui na Adecarve, o processo social complexo foi resolvido por ORDAS INCONTROLÁVEIS de crianças, que empunhando as virtuais bandeiras de sua incontida necessidade de humanidade prática, tomaram a sede, a escuridão e as tênues marcaçãoes da QUADRA DE ESPORTES, e produziram o mais belo dos espetáculos a que temos direito de assistir, pois incompetentes para participar.  Crianças regendo o mundo, como TSUNAMI, como VENTO, como INSURREIÇÃO…  Se organizaram no escuro, discutiram, esbravejaram, choraram, riram (sempre em movimento) e acabaram por preencher uma noite inteira de dança, bola e convivência.

E como se não bastasse, pequenas estrelas invadiram o masculino azul...

Decididamente, nesta noite de 15/12/2011, uma nova “queda da Bastilha” se desenhou poeticamente entre nós, denunciando, como numa narrativa, a fisionomia intelectual de um movimento orgânico, que incorpora o conjunto de direitos que as crianças sabem possuir, pois seus espíritos projetam tudo no tempo,direitos que não estão senho honrados pela maioria dos adultos ainda reféns de suas próprias inconsistências de caráter, cultura e vontade.   Foi uma memorável noite de festa e consagração da disciplina criativa de quem ainda não absorveu a metodologia do mal e não aduba a desesperança.  O resultado foi AMOR, transbordando de coraçõeszinhos e olhinhos, ávidos p0r respeito, compromisso e dignidade.

Chore, Bruninha... Afogue a poeira da Bastilha....

Pena que nesta noite mágica, tantas tenham sido as ausências de pessoas em que esse espírito vivo se nutriu, deixando margem para o amargo sabor do cansaço, da frustração e da saudade.   Sabemos que é duro permanecer no front, sem água e sem comida, mas sabemos que não temos outra alternativa…  Enquanto houver Natal…

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