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Enfim 2012. Ano de eleições para prefeitos e vereadores em todo o país. É a democracia dizem alguns, sem dúvida. Uns jogam seus confetes porque se crêem otimistas, outros porque no fundo querem se beneficiar de alguma forma com a eleição de alguém. Mil promessas veremos, mil promessas leremos. A mídia fará sua parte. Os marqueteiros a deles. Candidatos a prefeitos prometendo salvar a cidade, outros afirmando que irão resolver todos os problemas e de cada um. E assim caminha a nossa humanidade. Vivemos de esperança. É humano.
De qualquer forma um pouco de história não faz mal a ninguém. Na antiguidade as autoridades gover-namentais eram tidas como seres divinos. Representantes de deus ou dos deuses, como queiram. A relação do povo com a autoridade era de servo e não o contrário.
Mas o mundo evoluiu, dizem. Hoje estamos no chamado mundo contemporâneo. Criamos moder-namente a idéia de democracia, mas fico me perguntando honestamente, pelo menos entre nós, aqui no RN, se essa mentalidade e "cultura" que representou a antiguidade ainda valem ou se já mudou. Tenho minhas dúvidas. O ato de cidadania ainda parece muito distante do nosso modo de fazer política.
A relação que a nossa coletividade mantém com as autoridades chamadas públicas continua sendo ainda bastante vertical. E extremamente submissa. A idéia de que é a coletividade quem paga o salário e o cargo do político ainda parece fazer muito pouco sentido. Para ser inteiramente franco, parece ser jus-tamente o contrário. Essa inversão de valores faz com que em nosso país o messianismo ainda se mostre muito forte, como se a realização de uma promessa não fosse uma obrigação.
É dessa inversão de valores que o culto a demagogia se faz tão presente e próspero. É dessa inversão de valores nas nossas práticas políticas que o político que rouba se alia ao que deixa roubar e tudo fica por isso mesmo e que nenhuma operação que aponta e demonstra atos ilícitos com o dinheiro público não resultam em correção ética.
É dessa inversão de valores no trato da coisa pública que os desmandos e atos de corrupção terminam sendo a coisa mais "democrática" no nosso mundo político. É dessa inversão de valores que vemos diariamente a não independência dos três poderes, e mais ainda, a ineficácia dos serviços públicos, isso, apesar das promessas de que tudo irá ser resolvido com a próxima eleição. É dessa inversão de valores no nosso ambiente político que a nossa democracia, de fato, ainda parece ser algo tão frágil, incipiente e não con-tundente. É dessa inversão de valores no nosso dia a dia político, que muitos acham inútil esperar mudanças concretas nas nossas práticas políticas. É dessa inversão de valores que nós temos no país mais de 5 mil secretarias de saúde publica, mas de 27 secretarias estaduais de saúde, um Ministério da Saúde, e não conseguimos resolver os problemas da saúde pública do país.
Laurence Bittencourt - jornalista
Fonte - MA JT Noticias
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