segunda-feira, 21 de março de 2011

População Brasileira reprova saúde pública




O atendimento nos hospitais e postos de saúde é o serviço público com pior avaliação pela população brasileira, aponta pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao Ibope. Porém, 72% dos brasileiros são contra a recriação da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) ou outro tributo específico para financiar o setor. Eles acham que os governos podem reforçar os serviços de saúde com os recursos já existentes em seus orçamentos e também que é possível melhorar a gestão.



A pesquisa ouviu 2.002 eleitores com 16 anos ou mais em todo o País, entre os dias 4 e 7 de dezembro passado. Sobre os serviços de saúde, 37% classificaram a qualidade como “muito baixa” e 44% como “baixa”, perfazendo um total de 81% de desaprovação. Entre os potenciais usuários, os entrevistados com renda de até um salário mínimo, 37% consideraram a qualidade “muito baixa” e 43%, “baixa”. Entre aqueles com renda entre um e dois salários mínimos, 34% responderam “muito baixa” e 45%, “baixa”. Já entre os com renda superior a 10 salários mínimos, que provavelmente não dependem unicamente dos serviços públicos de saúde, 40% consideraram a qualidade “muito baixa” e 33%, “baixa”.



Em segundo lugar no ranking dos maus serviços vem a segurança pública, com 71% considerando a qualidade “baixa” ou “muito baixa”. Em seguida, vêm o atendimento nas repartições públicas, a educação fundamental e média e a conservação de ruas e avenidas.



No extremo oposto, 75% dos entrevistados consideraram a qualidade no fornecimento de energia elétrica como “muito alta”, “alta” ou “adequada”, apesar dos recentes “apagões”. A avaliação foi majoritariamente positiva ou neutra também para fornecimento de água, iluminação pública e educação superior.



Há praticamente um consenso entre os cidadãos brasileiros de que os serviços oferecidos pelos governos federal, estaduais e municipais deveriam ser melhores, levando-se em conta a carga de impostos. Dos entrevistados, 65% concordaram totalmente com essa afirmação e 16% concordaram parcialmente, o que dá um total de 81%. Praticamente o mesmo porcentual, 82%, consideraram que a arrecadação atual é suficiente para melhorar os serviços públicos.



A carga tributária brasileira atingiu 33,58% em 2009. Esse é o dado mais recente calculado pela Receita Federal. De acordo com a pesquisa, 44% dos brasileiros acham que os tributos são “muito elevados” e 43% que são “elevados”, num total de 87%. Para 79% dos entrevistados, a carga tem aumentado nos últimos anos. “Se avaliarmos a trajetória da arrecadação, ela sem dúvida mostra isso”, comentou o economista Flávio Castelo Branco, gerente-executivo do Núcleo de Política Econômica da CNI.



Assim, a pesquisa colocou números numa sensação antiga dos especialistas em políticas públicas: que os cidadãos pagam muito e recebem pouco do Estado. O ex-ministro Delfim Netto até criou uma expressão para descrever esse quadro: “Ingana, um país com impostos da Inglaterra e serviços de Gana”. “Gosto dessa expressão, mas talvez nossos serviços estejam um pouco melhores do que os ganenses”, disse Castelo Branco.



Apenas 37% dos entrevistados sabiam o que é a CPMF. Uma vez explicado a eles do que se trata, 72% se disseram contra sua recriação. O tributo foi considerado injusto por 75% dos entrevistados e 63% acham que sua volta será repassada aos preços.



O tributo deixou de ser cobrado em 2008, mas há articulações de alguns governadores e na base governista no Congresso para reeditá-lo. O Executivo não pretende propor uma nova CPMF. Avalia que qualquer debate sobre uma nova fonte de financiamento para a saúde só será possível se ficar claramente demonstrado que, mesmo melhorando a gestão, são necessários mais recursos.
Fonte: Tribuna do Norte

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