Então, crianças, de onde vem essa força em criar tantos universos novos?
Em toda a região do semiárido do Nordeste do Brasil, a partir da segunda quinzena de junho, inicia-se o ciclo das festas juninas ou joaninas, com incontáveis “arraiás”, onde as comunidades se esmeram nos enfeites com bandeiras e balões, e onde se pode apreciar a dança das “quadrilhas”, que são grupos tradicionais ou estilizados, que se apresentam em exibição ou concorrendo em festivais de quadrilhas, em grandes festas organizadas, principalmente, pelas prefeituras. Há, inclusive, recursos públicos do Ministério e Secretarias de Cultura, destinados a apoiar tais manifestações culturais, embora em alguns municípios, estranhamente, esses recursos não são disponibilizados, forçando a que muitas dessas manifestações culturais, quando não inexistentes, acabem sendo produzidas por voluntários e, eventualmente, apoiados por benfeitores da comunidade, com doações.
As festas juninas são caracterizadas, além das quadrilhas, por elementos da tradição, como a fogueira, em frente ou em volta da qual as famílias e as crianças se reúnem, até altas horas da noite, assando ou cozinhando as espigas de milho verde, soltando bombas e foguetes e dançando muito. Na pequenina e bela cidade de Caiçara do Rio dos Ventos, em frente a cada casa, a mágica “fogueirinha”, ritualizando o amanhã… Nessas festas, os primeiros namoros de meninos e meninas, ornamentam-se com esse brilho intangível e especial…
Em Caiçara, este ano, os recursos andaram bem escassos, não havendo apoio para tais manifestações artísticas, limitando-se a comemoração oficial a uma “festa”, ou forró em praça pública, apenas num dos dias do mês. Todas as pessoas que costumeiramente se envolvem com a organização das quadrilhas, saíram de foco e, por muito pouco, nossa cidade não ficou alheia aos festejos.
Isso não aconteceu, porque um grupo de meninos e meninas, incentivados por agentes da paróquia local, e sob o comando artístico e disciplinador de três jovens, Junior, Luana e ( ), superaram todas as dificuldades e mobilizaram a garotada para a formação da quadrilha, ensaiando diariamente em nossa Sede Social. O resultado desse esforço, transcende a beleza que o universo estético nos proporciona através do objeto artístico brilhantemente finalizado por eles, pois reacende a chama dos universos possíveis que o Ser Humano constrói a partir de seu alinhamento social.
Como o toureiro que campeia seu balé na arena; como a serena bruma que baila nas montanhas; como as espumas que se espraiam nas areias; como as sereias que encantam o movimento; esses meninos, incansável e alegremente, acalentaram, em cada apresentação, a esperança de um mundo cheio de cores e de vida, onde as oportunidades florescem como pétalas de luz… Não havia água, não havia terra, não havia recursos… Apenas a maior de todas as matérias, a criatividade humana.
* fotos de Junior e Luana, coordenadores.
FONTE.ADECARVE
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