Em meio à epidemia de dengue, o descaso de alguns órgãos públicos com o patrimônio tem agravado o risco de infestação e até comprometido o serviço oferecido à população. Na Delegacia de Plantão da Zona Norte, na tarde de ontem, quatro dos oito plantonistas estavam afastados com suspeita de dengue. Segundo o delegado de plantão Aldo Lopes, o fato de 50% de sua equipe está doente não é coincidência. A razão pode ser vista dos fundos da delegacia: o depósito da antiga da Delegacia Especializada em Defesa da Propriedade de Veículos (Deprov) abriga uma centena de carros e carcaças que, com as chuvas, se transformam em criadouros do mosquito.
Depósito de veículos seria foco do mosquito na zona Norte
A reportagem tentou entrar no pátio da Deprov, mas não teve acesso ao local. Um agente que fazia a guarda informou que recebeu ordens expressas para proibir a entrada de equipes de reportagem. Entretanto, da rua lateral foi possível constatar o abandono. Dezenas de carros roubados, alguns em bom estado, expostos a sol e chuva, por entre o mato crescido e carcaças de outros veículos.
Aldo Lopes disse ter comunicado e solicitado, há cerca de dois meses, à Secretaria Municipal de Saúde a visita de agentes de endemia ao depósito, que até então não aconteceu. “A irresponsabilidade com a saúde pública por parte do Município em fazer o que é de sua responsabilidade tem afetado o pessoal e o serviço prestado”, afirma. O agente João Carlos, mais conhecido como ‘Shaolin’, é um dos policiais que estão com sintomas. “Tive que vir trabalhar porque metade da equipe está ‘dengosa’ (sic). É um descaso que nada seja feito”, lamenta. O agente revela que outros quatro colegas de trabalho de outras equipes apresentam sintomas da doença.
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