quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Somália: fome, caos, guerra e anarquia no Chifre da África


750 mil pessoas podem morrer de fome na Somália. Foto: Tony Karumba/AFP


Relativamente próxima da Líbia e dos outros países que estão protagonizando insurreições contra governos corruptos e antidemocráticos, a Somália poderia ser considerada mais uma das problemáticas nações da África: para nós, é apenas mais um dos países de miseráveis que já estamos cansados de ouvir falar e continuarmos nossas vidas, impassíveis à desgraça alheia. O problema é que, nesse país localizado na região conhecida como Chifre da África, muitos outros problemas se aliam à fome de sua população: uma guerra civil que parece não ter fim, milícias e piratas fazem a situação da Somália ainda mais difícil.

O Conexão Repórter, programa do Roberto Cabrini no SBT, fez um programa em julho sobre a Somália. É bem esclarecedor e tá disponível na íntegra no Youtube. Dá uma olhada:




Atualmente, a Somália está passando por uma das mais devastadoras crises de fome da História. Se levarmos em conta que a fome na África não ‘é notícia’, mas que a situação somali está repercutindo consideravelmente, pode-se concluir que o negócio é grave. Segundo a ONU, 4 milhões de pessoas estão sofrendo de desnutrição severa e a estimativa é de que 750 mil pessoas podem morrer de fome nos próximos quatro meses se não houver uma reação das Nações Unidas, instituição pela qual eu não nutro muito entusiasmo (o blog é meu e eu opino mesmo!)…

Para complicar ainda mais a situação, 90% de toda a remessa de alimentos enviada à Somália chega ao continente pelo mar. O problema é que a costa somali está infestada de piratas (isso mesmo!), que pescam ilegalmente, confiscam mercadorias e sequestram. Utilizando-se de pequenas embarcações, os piratas interceptam e invadem navios maiores. Não se pode julgar as ações de alguém em péssimas situações de vida, mas o fato é que todos os navios que transportam suprimentos para a população têm que ser escoltados por embarcações militares para que o alimento possa ser entregue adequadamente.




Esse é um vídeo mostrando a atuação de um barco pirata somali. Não é dos melhores vídeos, mas serve para ter uma ideia da ação dos caras.

Como vemos acontecer aqui mesmo no Brasil com os traficantes de drogas, a pirataria desperta opiniões diversas entre a população, já que os piratas são os responsáveis por proteger uma população que não tem governo (chegaremos lá adiante) e por movimentar a economia do país, comprando e vendendo artigos dos mais variados e obtidos de maneiras mais diferentes ainda.

A pirataria é reflexo da conturbadíssima situação política da Somália. Em 1991, o ditador pró-soviético Siad Barre foi deposto assim como Gadhafi poderá ser em breve. Uma tentativa de contra-revolução, que pretendia reconduzir o antigo presidente ao posto, ocorreu, mas foi abafada. Sem um novo líder, a região noroeste da Somália, conhecida como Somalilândia, declarou independência. Após isso, foi a vez dos territórios da Puntlândia, Galmudug e Maakhir se autoproclamarem autônomas, mas sem se desligar da Somália. Atualmente, um governo provisório reconhecido pela ONU controla apenas a porção centro-sul do país, mas não tem forças para reunificar o país.

Tal cenário se tornou oportuno para que muitos dos envolvidos na manobra que derrubou o ditador Barre em 1991 passassem a subjugar pela força a população somali. Por ser um uma nação muçulmana, a Somália também é palco do surgimento de várias organizações fundamentalistas islâmicas, como a Al-Shabaab, que domina várias regiões da capital Mogadíscio e faz com que os moradores da cidade se submetam às suas estritas ordens, que proíbem que todos assistam a filmes, dancem nos casamentos e utilizem toques musicais nos telefones celulares. Já vimos a mesma coisa com os Talebans no Afeganistão…

Com tantos problemas, é muito complicado pensar em uma alternativa para a Somália, um país totalmente destruído e instável. Só de pensar que todos os problemas na África são de inteira responsabilidade da exploração do ocidente…

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