quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dilma apequenou-se na crise do Palocci

O desfecho da crise em Brasília já era esperado: a demissão de Antônio Palocci da Chefia da Casa Civil da Presidência da República.
Não dava para acreditar que um ministro sob suspeita de enriquecimento ilícito continuasse na articulação do Palácio do Planalto com os partidos e com os demais ministérios do Governo. Afinal, tudo passa pela Casa Civil, uma espécie de gerência de toda estrutura administrativa da Presidência da República.
Palocci caiu em desgraça pela segunda vez porque a Folha de São Paulo havia noticiado que ele multiplicou o patrimônio pessoal em 20 vezes no intervalo de quatro anos, quando era deputado federal entre as passagens pelo Ministério da Fazenda (em Lula) e agora pela Casa Civil (em Dilma).
Ele jura, jura, que não houve tráfico de influência nas consultorias que prestou. Segundo Palocci, todo o trabalho da Projeto, sua empresa, restringiu-se a atender clientes do setor privado. A peso de ouro.
É muito difícil acreditar nisto. Afinal, para que serviria um ex-ministro com acesso ao Planalto se ele não poderia intermediar um negocinho aqui ou resolver uma bronca ali?
Fala-se que boa barte dos R$ 20 milhões recebidos por Palocci em 2010 é sobra da campanha presidencial – fato que compromete a então candidata Dilma Rousseff – ou recursos destinados ao instituto do ex-presidente Lula.
Por enquanto, tudo não passa de ilação, porque Antônio Palocci negou-se a revelar a origem do dinheiro, detalhando cada um dos clientes poderosos da Projeto.
Apesar de o procurador geral da República, Roberto Gurgel, ter engavetado os pedidos de inquérito contra o ex-ministro, alegando não haver elementos que o incrimine, a suspeita continua. E Palocci fica nos devendo a revelação do “milagre da multiplicação dos bens” sem ganhar na Mega-sena.
Eu acho que a presidenta Dilma Rousseff apequenou-se na primeira crise política do seu mandato. Na vã tentativa de salvar Palocci e de evitar uma CPI no Congresso Nacional, ela teve que ceder a grupos políticos que até então enfrentava com firmeza, como ruralistas, religiosos e fisiológicos. E teve de pedir ajuda ao ex-presidente Lula, que ainda não desencarnou.
Lula voltou a atuar em Brasília como se presidente fosse. A imagem que temos hoje é a do Lula que articula, negocia com partidos, dá ordens a ministros, decide o futuro deles, nomeia.
Quem sai fortalecido da crise é o PMDB de Michel Temer, o vice. Lembre-se que Palocci andou ameaçando demitir ministros do partido na votação do Código Florestal. O ex-ministro jogou duro a mando da presidenta Dilma, mas já não tinha condições de ameaçar ninguém. Já era um zumbi na articulação política do Governo. Seus dias estavam contados.
Os peemedebistas devem respirar aliviados. Até a crise da multiplicação dos bens, Antônio Palocci centralizava com mão de ferro a nomeação dos cargos de segundo e terceiro escalões do governo. Com o governo enfraquecido, é hora de o líder Henrique Eduardo Alves retomar o balcão de negócios. Toma-lá-dá-cá.

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