O jornal norte-americano "The New York Times" publicou nesta quinta-feira (8) uma seleção de áudios do dia dos ataques de 11 de setembro de 2001. As gravações trazem informações sobre os quatro voos sequestrados por terroristas.O material mostra a busca desesperada por informações sobre os voos, a confusão e a falta de coordenação entre as autoridades de aviação civis e militares. O relatório multimídia foi preparado por investigadores da comissão que apurou os acontecimentos de 11 de Setembro, mas nunca foi completado ou divulgado.
O documento contém 114 áudios com conversas de controladores de tráfego aéreo, oficiais militares de aviação, pilotos de caça, pilotos de companhias aéreas e até dois sequestradores. Cerca de duas horas dos acontecimentos de 11 de Setembro estão cobertas pelo material.
Alguns trechos foram divulgados em audiências públicas e julgamentos, ao longo dos últimos anos. O relatório, contudo, proporciona uma visão global dos acontecimentos. O documento completo, incluindo as gravações, está sendo publicado pela "Rutgers Law Review". Algumas partes foram disponibilizadas online pelo "The New York Times".
Um dos trechos é uma transmissão de rádio captada no centro de controle de tráfego aéreo de Nova York logo depois das 9 horas, 16 minutos depois de um avião atingir a torre norte do World Trade Center. Nele, a pessoa que fez a chamada diz ao gerente de controle: “Você pode olhar pela janela do lado direito agora?” “Você pode, pode ver um cara a cerca de 4 mil pés, parece que ele está...”
“Sim, eu o vejo”, diz o gerente.
“Você vê esse cara, olhe, ele está descendo na direção do prédio?”, pergunta a pessoa do outro lado da linha.
“Ele está descendo rápido demais”, diz o gerente. “Ele diminuiu 800 pés de uma só vez”.
“Que tipo de aeronave é, vocês podem dizer?”
“Não sei, verificarei em um minuto”, responde o gerente.
Não houve tempo para fazer a verificação.
No mesmo horário, um chefe de tráfego aéreo em Nova York ligou para o centro de operações da Administração Federal de Aviação (FAA, em inglês) em Herndon, Virginia, para tentar descobrir se os oficiais de avião civil estavam trabalhando com os militares. “Temos várias situações acontecendo aqui e precisamos ter os militares com a gente”.
Um avião já tinha atingido a torre norte do World Trade Center no momento da ligação. Outra aeronave havia sido sequestrada e estava a segundos de atingir a torre sul. Mas, no escritório da FAA, nem todos estavam com pressa: “Por que, o que está acontecendo?”, disse o homem que atendeu a ligação em Herndon.
“Só me passe para alguém que tenha autoridade para colocar o Exército no ar, agora”, respondeu o chefe.
Outro áudio traz um oficial de aviação militar em contato com a FAA em Washington para discutir a situação. Ele descobre, surpreso, que o voo 77 da American Airlines havia desaparecido há mais de 30 minutos. E ninguém havia avisado o exército.
“Eles perderam o radar, perderam contato com ele, perderam tudo, e não têm ideia de onde ele está ou o que aconteceu”, diz um oficial não-identificado da FAA. Ele informa que o avião era um 767, e explica que a informação veio do centro de Indianapolis.
“Tudo o que eu preciso é do lat-long (latitude-longitude), da última posição conhecida do 767”, diz o oficial militar.
“Bem, eu não sei”, responde o oficial da administração. “Foi em Boston, que é do centro Indy. Mas da última vez que falei com eles, eles disseram que foi no leste de York. E eu não sei nem em qual Estado”.
O voo 77 atingiu o Pentágono três minutos depois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário